Por Luiz Carlos Azenha, no blog Viomundo, de 30/08/2013
Foi o acreano Narciso Mendes, hoje com 67 anos de idade, quem usou um gravador emprestado pelo repórter Fernando Rodrigues, da Folha de S. Paulo,
para comprovar que deputados federais de seu estado venderam os votos
na aprovação da emenda constitucional que permitiu a reeleição do
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em 1997.
A revelação é feita no livro O Príncipe da Privataria, de Palmério Dória, que chega às livrarias hoje (dia 30).
Em Brasília não era segredo o papel desempenhado por Narciso, à época
deputado federal pelo Partido Progressista, de Paulo Maluf. Porém, pela
primeira vez ele assume oficialmente o que fez.
Trecho do livro:
A compra dos votos para a reeleição, frisa Narciso, “se dava às escâncaras”. Seria “muita ingenuidade”, diz ele, considerar inverossímil que, no episódio da troca de cheques pré-datados por dinheiro vivo, os deputados saíssem carregando R$ 200 mil em sacolas. Afinal, em notas de R$ 100,00 seriam duas mil notas, ou o dobro se fossem notas de R$ 50,00. Duzentos pacotes de mil reais: volume considerável. “Tinha de ser em sacolas!”, diverte-se ele.
O que Narciso diz é que cheques foram antecipados e, posteriormente — depois da aprovação da emenda — trocados por dinheiro.
ABSOLVIÇÃO DE NATAN DONADON DO PROCESSO DE CASSAÇÃO REVOLTA "O GIGANTE"
Donadon se ajoelhou para agradecer aos deputados que não o cassaram, no plenário da Câmara (Foto: Correio do Brasil) |
O “gigante que acordou” nas ruas, durante as últimas manifestações, amanheceu revoltado com a absolvição do deputado Natan Donadon, como o Correio do Brasil
apurou, ao visitar centenas de perfis nas redes sociais. Entre as
manifestações mais contundentes estava a do secretário de saúde do
município de São João, Oscar Berro: “Parabéns Natan Donadon! A
cara do Brasil de merda! Nojo… Depois falam das passeatas! Tinha que
haver uma CPI para apurar um resultado desses na votação! Vamos acabar
com o voto secreto pra cassar parlamentares!”, protestou.
Para a filóloga Yvonne Bezerra de Mello, “99% dos membros do
congresso atual deveriam ser banidos da vida política do país. Uns
vermes, corroendo nossa república e nossa democracia. Não há adjetivo
que qualifique a atuação do congresso nessas legislatura. E sabem porque
fazem. Gozam da impunidade e se baseiam no voto de cabresto e fácil num
país onde ainda as desigualdades são gritantes. Se fossemos um país
sério, nenhum deles se reelegeria”.
O professor Carlos Alberto de Oliveira, da Universidade do Estado do
Rio de Janeiro, acredita que o jeito é reforçar as passeatas: “Vamos
voltar para as ruas! Vamos retomar a Câmara dos Deputados para o povo!
Vamos cobrar de nossos deputados que digam como votaram na cassação do
bandido, quadrilheiro, corrupto Donadon! Se ele ná revelar, vamos
cassá-los em 2014!”. E a jornalista Cristina De Luca reproduz a
“perguntinha do amigo Alex Campos: A absolvição do Donadon, mesmo
condenado e preso, significa o quê: lugar de corrupto é na Câmara, ou
lugar de deputado é na cadeia? E aí?”.
Maioria absoluta
Na noite passada, o plenário da Câmara absolveu o deputado Natan
Donadon do processo de cassação de mandato. Foram 233 votos a favor do
parecer do relator, Sergio Sveiter (PSD-RJ), 131 votos contra e 41
abstenções. Para que Donandon perdesse o mandato, o parecer de Sveiter
precisaria de, no mínimo, 257 votos. Faltaram 24 votos para que o
deputado fosse cassado e perdesse o mandato parlamentar.
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