Tenho debatido aqui neste espaço,
proposta para educação, os CIEPs é um tema preferido, um projeto do saudoso
Brizola organizado por Darcy Ribeiro, nomes dos trabalhismos, o texto a baixo
ajuda no debate. As manifestações que estão acontecendo no Brasil e que tem a
juventude como protagonista nos remetem a uma conclusão: é na escola que vamos
entender melhor a democracia plena, são esses jovens que estarão no poder daqui há uns 10, como foi à
geração de 68 da presidenta Dilma. Essa geração de 2013 vai dar as regras, e o
nosso país vai entrar na era da democracia plena com o combate sem trégua à corrupção e a construção do bem estar social Boa leitura.
A Proposta Pedagógica dos CIEPs
A proposta pedagógica dos CIEPs rompe com o antigo isolamento da Escola Pública, para fazer dela uma promotora efetiva da maior participação social das classes mais pobres.
Uma Escola Democratizadora
O CIEP inaugura uma nova etapa na história da educação de base em nosso país: aquela em que os direitos das crianças começam a ser efetivamente respeitados, mediante a oferta de um programa educacional integrado, capaz de realmente mobilizar para aprendizagem o potencial dos alunos. Em contraste com as escolas superlotadas, o CIEP é uma verdadeira escola-casa, que proporciona a seus alunos múltiplas atividades, complementando o trabalho nas salas de aula com recreações, esportes e atividades culturais. Como uma escola essas características é fato de implantação recente, é preciso estabelecer um processo de formação coletiva de todas as pessoas envolvidas no processo (alunos, professores, diretores, funcionários e a própria comunidade) para que percebam as perspectivas mais amplas da nova proposta educacional.
Ao invés de escamotear a dura realidade em que vive a maioria de seus alunos, provenientes dos segmentos sociais mais pobres, o CIEP compromete-se com ela, para poder transforma-la. É inviável educar crianças desnutridas? Então o CIEP supre as necessidades alimentares dos seus alunos. A maioria dos pais de alunos não tem recursos financeiros? Então o CIEP fornece gratuitamente os uniformes e o material escolar necessário. Os alunos estão expostos a doença infecciosas, estão com problemas dentários ou apresentam deficiência visual ou auditivia? Então o CIEP proporciona a todos eles assistência médica e odontológica.
Paternalismo? Não: política realista, exercida por quem não deseja Vera educação das classes populares reduzida a mera falácia ou, o que é pior, a educação nenhuma.
As ações pedagógicas desenvolvidas no CIEP emanam de uma visão interdisciplinar, de modo que o trabalho de cada professor integre, complemente e reforce o trabalho dos deamis.
Nesta perspectiva, os membros do CIEP, incluindo os funcionários, são convocados a participar do processo educativo. Na Escola Pública atual, a educação não compete mais somente aos profissionais da área. O fenômeno educacional transcende a escola, deve ganhar as ruas. Quanto mais a proposta educacional for includente e reivindicar participações até do pessoal não-especializado, mais se favorecerá a conscientização de todos quanto ao sentido global da educação.
É preciso acreditar que o atual momento histórico aumenta a participação comunitária nas principais instituições da sociedade, o que vai ao encontro da proposta democratizadora do CIEP. Assim, é ambicioso mas não desarrazoado pretender-se que o diretor do CIEP seja o líder de um processo vivo e participante de trabalho na escola e na comunidade.
Que professor de classe passe a atuar de forma comprometida e entusiasmada.
A cultura como Fator de Integração
Partindo de uma concepção mais abrangente da função escolar, cada CIEP trabalha no sentido de recuperar o papel político e social da escola, no contexto de uma relação mais ampla com a comunidade. A escola se integra à comunidade, contribuindo para a educação coletiva. Os pais dos alunos são chamados para discutir com os professores a educação de seus filhos. E cada professor, por sua vez, é permanentemente estimulado a visitar a comunidade para, com os pais e vizinho, conhecer a realidade de seus alunos.
Neste processo de estreitamento de laços entre a escola e sua comunidade, as atividades de animação cultural passam a ter especial importância. Além de contribuírem para a aprendizagem global dos alunos, pela valorização do trabalho criativo no espaço escolar, as atividades culturais possibilitam um reencontro com o próprio prazer de aprender.
No dia-a-dia dos CIEPs, a educação não pode mais ser dissociada das manifestações culturais e artísticas, sobretudo daqueles que já se desenvolvem no interior da própria comunidade. Afinal, elas são a ponte viva que leva a comunidade para dentro da escola - e vice-versa.
Que o professor orientados não seja um simples técnico mas uma força estimuladora da melhoria do ensino. Que a cozinheira não seja apenas a pessoa que prepara a comida, ou que inspetores e funionários não sejam aqueles que reprimam e vigiem, varram ou espanem seguindo rotinas inteiramente desvinculadas da ação educacional, mas se tornem colaboradores do processo educativo.
Para tirar estas intenções do papel e transforma-las em ações vivas, o Programa Especial de Educação procura mobilizar a todos, professores e funcionários, para viabilizar a proposta renovadora dos CIEPs.
Todos participam de um treinamento que, começando intensivo, complementa-se a seguir por um treinamento em serviço e por reuniões que estimulam a constante troca de idéias e vivências.
Um elemento fundamental da proposta pedagógica do CIEP é o respeito ao universo cultural dos alunos. As crianças pobres sabem e fazem muita coisa que garantem a sua sobrevivência mas, por si sós, não têm condições de aprender o que necessitam para participar da sociedade letrada. A tarefe primordial do CIEP é introduzir a criança no domínio do código culto, mas valorizando a vivência e a bagagem de cada uma delas. A escola deve servir de ponte entre os conhecimentos práticos já adquiridos pelo aluno e o conhecimento formal exigido pela sociedade letrada.
Partindo da realidade concreta dos alunos, os professores motivam todos a falar e a participar, a contar suas experiências pessoais e comunicar seu pensamento. É essencial que todos se sintam prestigiados. Normalmente a criança pobre consegue se comunicar e se relacionar com facilidade em seu próprio meio social, mas, na escola, não se sente muito à vontade. O professor que tem respostas prontas para tudo, que obriga os alunos a ouvirem calados suas lições, que corta o raciocínio da criança cada vez que ela " fala errado", só pode contribuir para inibir a bloquear sua capacidade de pensar.
Conscientes desses fatores, os professores do CIEPs empenham-se em promover a autoconfiança dos alunos, para que eles sintam vontade real de aprender cada vez mais. Respeitando as linguagens regionais e a fala coloquial, estimulando as crianças a compreenderem e a questionarem a realidade que as cerca, os professores, num projeto integrado, podem desenvolver uma ação educativa que ultrapassa os muros da escola.
Um adendo importante: na dinâmica do CIEP, o recreio e as brincadeiras são considerados essenciais ao processo de ensino/aprendizagem. E existe sempre uma hora em que cada aluno se torna dono absoluto de seu tempo, para afzer o q achar melhor dentro do espaço escolar.
Alfabetização: Desafio em Três Frentes
Um atendimento inédito aos alunos em fase de alfabetização e aos da 5ª série inaugura uma nova dinâmica pedagógica.
Em sua fase inicial de implantação, a proposta pedagógica do CIEP procura refletir as prioridades de atendimento estabelecidas para as classes de alfabetização e para a 5ª série, porque é nesses estágios que se registram os maiores índices de repetência - por volta de 50% - numa demonstração de ineficácia do atual sistema de ensino e da necessidade urgente de se reformular toda a dinâmica educacional nestas séries.
Com base nessa realidade, o Programa Especial de Educação apresenta uma proposta pedagógica de caráter inovador, que tenta solucionar esses dois pontos críticos do ensino público. Partindo da idéia básica de que ao estudo da língua deve ser atribuída ênfase especial, transformando-o no elo integrador das diferentes áreas do currículo, pretende-se que o CIEP seja visto com um grande curso de alfabetização, da 1ª à 8ª série. Nesta primeira etapa, as classes de alfabetização e a 5ª série são tratadas como classes experimentais e, como tal, tem maior apoio, com material específico e orientação pedagogia intensiva.
Progressivamente, o tratamento experimental irá se estendendo às demais séries (2ª à 4ª e 6ª à 6ª), dando continuidade ao processo desencadeado nas classes de alfabetização e da 5ª série.
Ao atuar prioritariamente nos pontos de impasse, por meio de metodologia centrada no aluno e que promove o entrosamento de todas as atividades pedagógicas, o modelo dinâmico dos CIEPs impulsiona positivamente o alunado, elevando os índices globais de aprovação e diminuindo a evasão escolar.
Uma Inovação Pedagógica
Ainda em consonância com esse posicionamento, o Programa Especial de Educação orientou-se para a pesquisa e criação de um novo instrumental pedagógico, adequado às finalidades pioneiras do CIEPs e estruturado especificamente para atender às necessidades das classes de alfabetização e de 5ª série.
O material didático recém-produzido para essas séries também é considerado de caráter experimental e foi elaborado por professores e especialistas devidamente habilitados não apenas por sua formação acadêmica, mas também pela sólida experiência adquirida em sua prática docente. Hoje o material é visto com um desafio, que se reproduzirá à medida que for aperfeiçoando, conforme as respostas obtidas pelos professores no trabalho direto com os alunos.
As duas primeiras séries do 1º Grau constituem a peneira que define quem vai ser educado e quem vai ser rejeitado. E são as crianças pobres, principalmente que fracassam nessa seleção, apesar de serem elas a clientela por exceçência da Escola Pública. Elas são as vítimas de uma atitude errônea da escola que, embora reconhecendo a existência de desigualdades sociais, julga que deve tratar todos os alunos como iguais.
A proposta pedagógica do CIEP adota justamente a postura contrária: somente oferecendo um tratamento diferenciado aos alunos é que será possível erradicar o fenômeno indesejável da repetência e do baixo nível de aprendizagem.
Para isso, os alunos matriculados em turmas de alfabetização são agrupados em três categorias: novos, repetentes e renitentes (aqueles que freqüentam pela terceira vez, no mínimo, classes de alfabetização).
As turmas de alunos novos e repetentes têm, no máximo, 25 alunos. As formadas pelos renitentes não ultrapassam o limite de 20 alunos, que se desdobram em grupos de até 10 alunos para as atividades de reforço de escolarização, previstas na rotina do trabalho escolar.
As classes de alfabetização recebem apoio pedagógico em caráter intensivo,, que se traduz concretamente no fornecimento de material didático aos alunos e em orientação específica aos professores.
Essas classes são dirigidas por profissionais devidamente habilitados em cursos de formação de profesores em nível de 2º Grau, de três ou quatro anos, concluídos de preferência em anos recentes. Professores orientadores dão assitência constante a esses docentes, propocionando-lhes real treinamento em serviço.
Recuperando os Renitentes
Reincidindo em equívocos pedagógicos e recusando-se a assumir a sua percela de responsabilidade no fracasso escolar, a Escola Pública favoreceu a formação de um contingente numeroso de alunos que, mesmo tendo freqüentado por três ou quatro anos a 1ª série, permanecem analfabetos e, o que é pior, desestimulados para aprender e conformados com o rótulo de incompetência. São os repetentes renitentes, que merecem atenção específica no que se refere à metodologia de alfabetização.
O passo inicial no atendimento aos renitentes é a restauração de um "clima" de sucesso e de participação positiva no trabalho escolar.
O fundamental é resgatar a auto-estima de cada aluno desse tipo, encorajando-o e dando-lhe estímulos para que ele possa recuperar a vontade de aprender - que é a mola de todo progresso individual e coletivo. O aluno renitente precisa passar a ver a escola como sua casa e gostar, efetivamente de freqüenta-la, para superar a defasagem entre sua faixa etária e o nível de escolaridade que se encontra. Valorizando o que ele sabe, será mais fácil faze-lo aprender o que ainda não sabe.
Por que deveria a escola permanecer cega para o fato de que um repetente renitente pode não aprender a Matemática da sala de aula, mas é totalmente capaz de vender objetos, comprar, pagar, fazer trocos ou reconhecer o número de sua condução? Na prática, ele resolve muito bem os problemas numéricos do seu dia-a-dia e para isso não precisa da ajuda da escola.
Considerando o universo cultural e seu aluno e interessando-se pelo conhecimento que ele adquiriu em sua luta pela sobrevivência, a Escola Pública estará mais apta a encontrar o jeito certo de conduzi-lo no processo de alfabetização.
Aprender a ler não é apenas conseguir decifrar um código de letras. É também aprender a ler o mundo, num processo dialético de assimilações e acomodações. Por já ter experimentado esse processo sem êxito, o renitente carece de tratamento especial, que começa pela sua valorização como indivíduo.
É extremamente importante estimular o aluno a reconhecer-se como ele é, convidando-o a exprsesar-se sobre o que faz e como vê o mundo, de forma que, concomitantemente ao seu processo de autodescoberta como pessoa, ele possa também realizar uma conceituação e uma interpelação crítica da realidade social que o envolve.
Na continuidade do trabalho com o renitente, surge a relevância da brincadeira, que deve ser vista com uma tentativa de sincronizar harmonicamente os prcoessos corporais da criança com seu próprio ser. Participando de atividades lúdicas, a criança avança para novas etapas de domínio e compreensão do mundo, vivenciando a ordenação subjetiva das etapas de apreensão da realidade.
No êmbito deste trabalho pedagógico específico, jogos e exercícios físicos devem ser intensamente utilizados. Não só porque a situação lúdica desperta intenso prazer como também porque contribui para que os alunos desenvolvam espírito de equipe, aprendendo a respeitar regras e a trabalhar coordendando movimentos, pensamento e ação.
Neste processo, os alunos renitentes devem ser elvados à prática de danças e de expressão corporal associadas à criação de códigos semiconvencionais, numa conjugação entre esquema corporal, análise de formas e reprodução de figuras. O trabalho junto aos renitentes envolve também a prática de atividades artísticas. Através delas, as crianças podem organizar seu pensamento, emoções e sentimentos. O que vale, no decorrer dos trabalhos, não é o produto obtido, mas a importância que podem encerrar, individualmente, as imagens que são exteriorizadas através das artes. O fundamental, então, é o desenrolar do processo que permite a cada criança realizar tais exteriorizações.
Quando a criança pinta, desenha, modela, canta ou representa, parte das suas vivências e experiências pessoais, as quais ela seleciona, discrimina e estrutura de forma nova. Ela faz muito mais do que reproduzir um objeto ou uma situação: ela se expressa, revelando o essencial de sua personalidade e reestruturando sobretudo a si mesma. As atividades de expressão artística realçam o pensamento divergente que precisa encontrar seu valor e sua aplicabilidade na proposta educacional dos CIEPs.
O trabalho com os renitentes inclui adicionalmente o estímulo constante da vontade de aprender a ler. Durante o processo de alfabetização, portanto, é muito importante que os alunos tenham contato com material atraente de leitura, mesmo antes de saber ler. Através do gosto em ouvir histórias pode-se conduzir o aluno ao desejo de ler e, por extensão, ao hábito e ao prazer da leitura.
Numa visão de conjunto, pode-se verificar que nenhuma proposta pedagógica anterior à criação dos CIEPs oferee tanto carinho e atenção específica ao problema dos repetentes renitentes e que, muito mais do que simplesmente alfabetiza-los, o que se visa é o desenvolvimento integral de suas potencialidades individuais e sociais.
A Questão do Analfabetismo
"Quem não sabe ler hoje em dia é quase um cego. Nas cidades, nem pode andar pelas ruas, sem perguntar a toda hora onde está e como pode ir de um lugar a outro. No trabalho, então, o analfabetismo é um atraso de vida. Não saber contar é igualmente uma desgraça, seja para fazer contas nas compras e vendas, seja para oconferir o salário e para mil coisas mais.
Assim é porque nossa civilização funciona supondo que todos sabem ler, escrever e contar, o que converte o analfabeto num marginal. Ocorre, entretando, que, em nosso país, quase metade da população é praticamente analfabeta; no máximo desenha o nome, sendo incapaz de ler uma notícia ou de escrever um bilhete. Mais grave, ainda, é o fato de que estamos formando novas massas de analfabetos adultos, dada a ineficiência espantosa de nosas escolas. É inegável que, com nossa conduta educacional e irresponsável de hoje, estamos condenando imensas multidões a viverem marginalmente amanhã, sem participar da civilização muito mais complexa, a que deverá pertencer.
Esse é não só o sintoma maior de nosso atraso cultural, mas também a expressão mais dolorosa da desigualdade social de nosso país. Um índio, apesar de iletrado, e um home completo. Sabe perfeitamente falar, prover a subsistência de sua família, contar e inventar histórias e fazer muita coisa mais, como casas, adornos etc. Aprende tudo isto de oitiva, porque é de uma civilização oral, cujo saber se transmite pela fala e pelo exemplo. Um lavrador analfabeto pode - ou podia - exercer seu ofício e viver sua vida, fazendo-se respeitar como um trabalhador competente e até como um homem inteligente, sem saber ler nem escrever. Hoje, mesmo na roça, a vida do analfabeto é difícil. Até os índios, agora, querem e precisam aprender a ler e a contar, para coexistir conosco numa sociedade de cultura letrada.
É de assinalar que muitos países menos desenvolvidos econômica e socialmente que o nosso têm taxas muito mais altas de alfabetização. Por que? Com efeito, é de indagar por que razão nós, que fomos capazes de construir a beleza do teatro Manaus, por exemplo, ou a indústria de São Paulo, ou a arquitetura de Brasília, fracassamos na tarefa muito mais simples de ensinar toda criança a ler, escrever e contar? Na verdade, a quase totalidade das nossas crianças vai à escola e lá fica estudando três até quatro anos. Mas, metade delas saem analfabetas. Como não vão viver vida de índio, nem de lavrador antigo, nosso sistema educacional as está formando, de fato, para uma existência miserável e penosa, sem possibilidade de progresso pessoal. E arrastando, em conseqüência, todo o nosso povo ao atraso, como é inevitável em um país com grande massa de analfabetos.
Há muitas explicações para esse fracasso brasileiro. Algumas, ingênuas ou românticas, dos que esperam o socialismo para nos dar a alfabetização. É de lembrar que, sem socialismo nenhum, a maioria dos países conseguiu resolver muito bem o problema de criar uma escola pública honesta e eficiente.
A raiz desse fracasso está, de fato, é numa perversão da nossa sociedade, enferma de desigualdade. Perversão provavelmente oriunda do fato de que fomos o último país do mundo a acabar com a escravidão. Uma classe dominante feita de descendentes de senhores de escravos - afeitos a gastar gente como se fosse um carvão humano, com total descaso pelos que trabalhavam para eles - tende a continuar olhando o povo com o mesmo desprezo.
A única solução possível para esse gravíssimo problema social e nacional é melhorar a qualidade das escolas que temos; é ajudar o professorado a realizar com mais eficácia a sua tarefa educativa; é socorrer as crianças para que freqüentem as escolas, mas lá aprendam; é, ainda, chamar de volta às aulas os jovens insuficientemente instruídos para lhes dar, pelo menos, um domínio da leitura, da escrita e do cálculo que os salve da marginalidade".
Darcy Ribeiro
Material Didático Inovador
Além de constituir uma experiência educacional totalmente nova, o material de apoio às classes de alfabetização foi planejado para servir de auto-instrução para os professores.
O material de apoio destinado às classes de alfabetização foi elaborado em três versões, destinadas respectivamente aos alunos novos, repetentes e renitentes. Como se trata de proposta absolutamente original, admitiu-se no primeiro ano de uso o aproveitamento do mesmo material - com pequenas variações no conteúdo e no ritmo de aproveitamento - nas classes de novos e repetentes. O material para uso dessas classes se caracteriza por dupla função, sendo ao mesmo tempo utilizado como recurso auto-instrutivo pelo professor alfabetizador, durante o período de treinamento em serviço e pelos alunos, como material de apoio.
O material chega às mãos dos alfabetizadores na forma de unidades apresentadas em blocos, que incluem instruções para os professores e sugestões diárias de exercícios (3 ou 4) para os alunos. Cada unidade cobre, aproximadamente, um mês de aulas.
Também integram o material cartazes com desenhos de artistas consagrados e um jogo completo de figurinhas, composto por um folheto de instruções e 105 cartões impressos em 6 cores diferentes, na frente e no verso, nos quais a criança encontrará figuras, palavras, letras e números.
O material é complementado por painéis que reproduzem as formas do jogo de figurinhas e servem para exposição e uso permanente em sala de aula.
Estão previstas 7 ou 8 unidades para cada uma das 3 categorias das classes de alfabetização. Uma ou duas são preparatórias, trabalhando percepções e habilidades específicas, servindo também para sondagem do estágio alcançado pelos alunos. Duas ou três são apresentadas sob a forma de orientação diária do trabalho escolar, envolvendo exercícios para os alunos e sugestões dosadas de atividades de Linguagem, Matemática e Noções de Coisas. Duas unidades estão organizadas como uma espécie de estoque de sugestões de atividades e exercícios, para uso em u nidades programadas pelos próprios alfabetizadores, com apoio (se necessário) do professor orientador previamente treinado para catalisar a nova ação pedagógica.
Duas unidades poderão ser inteira e livremente planejadas pelos próprios alfabetizadores, abrindo alternativas para a criação de propostas independentes, que poderão ser publicadas posteriormente para conhecimento dos demais professores de CIEPs em todo o Estado, numa dinâmica de constante reavaliação e aperfeiçoamento do material de apoio.
Nas instruções que acompanham cada unidade, o alfabetizador é estimulado a adequar o trabalho sugerido pelo material didático ao desempenho particular de sua turma, seja redistribuindo os exercícios, seja criando outros inteiramente novos (ou dando uso inédito aos cartazes e jogos).
Nos exercícios individuais, optou-se pelo uso de folhas brancas, com impressão em preto mais uma cor, havendo alternância de 5 cores diferentes. Nas partes superior e inferior de cada exercícios, as cores são utilizadas em barra. No corpo do exercício elas são chapadas.
Para identificação do grupo de alunos a que o exercício se destina, foram criados os seguintes símbolos:
1. A letra N para alunos novos;
2. A letra R para os repetentes;
3. A letra J para os renitentes.
As letras são sempre seguidas de números indicativos da ordem em que a unidade deve ser apresentada aos alunos (por exemplo: N1 para a primeira unidade, N2 para a segunda etc.)
Na barra superior, há sempre a logomarca do CIEP e, na inferior, uma figura integrante do Jogo de Figurinhas identifica os exercícios de um mesmo dia.
Todos os exercícios são numerados em ordem crescente e, no verso das folhas, foram impressas, na cor preta, sucessões de linhas, quadrículas ou pontos para a utilização em exercícios propostos pelos professores.
O material didático para alfabetização é empacotado segundo a previsão das necessidades de uma turma. Cada pacote contém um bloco de instruções para o professor e 80 blocos de exercícios, com 27 exemplares por bloco.
Os exercícios constantes do material didático foram programados como uma série reiterativa de atividades instrutivas e facilitadoras da intercomunicação dos professores com os alunos e dos alunos entre sim. As atividades propostas possibilitam perceber, compreender, criar e reter conhecimentos. Elas foram grupadas sob os seguintes títulos:
Descobrindo - Propõem jogos e brincadeiras, desafios e problemas que motivam os alunos, despertam seu entendimento e que, através faz informações envolvidas, trazem o sentimento de aprender coisas novas.
Falando - Estimulam a criança a falar sobre suas experiências de vida, seus sentimentos e emoções, sua maneira de ver o mundo e de conviver com as pessoas. A criança começa do jeito que sabe e, aos poucos, vai assimilando os padrões da norma culta do idioma. Por sua importância para o desenvolvimento do pensamento e do raciocínio (e para a aprendizagem da leitura e da escrita), este tipo de exercício está presente em todas as atividades do dia.
Olhando e Vendo - Destinam-se a desenvolver a percepção visual do aluno para capacita-lo a diferenciações sutis como as das letras nas sílabas e das sílabas dentro das palavras.
Ouvindo - Pretendem desenvolver a percepção auditiva, indispensável para a leitura expressiva e o entendimento correto da linguagem.
Sucedendo - Procuram despertar e orientar a percepção da seqüência temporal dos fatos, das sílabas dentro da palavra, ou das palavras dentro da frase.
Concatenando - Levam à percepção da ordem e da articulação espacial de elementos.
Usando a Mão - Exercitam o domínio das habilidades manuais indispensáveis à escrita.
Convivendo - Orientam o professor na condução de jogos e brincadeiras na classe, bem como na integração de sua turma nas diversas atividades especializadas que ocorrem na escola, tais como a ginástica e os desportos, a atenção médica e dentária, a sala de leitura, o trabalho dos animadores culturais etc. - que ocuparam seus alunos durante várias horas do dia.
Considerado em seu conjunto, o Material Didático cobre áreas do saber que, indiferenciáveis no começo, vão aos poucos se delineando:
Linguagem, a partir do trabalho com todas as formas de expressão, visa especificamente ao domínio da leitura e da escrita.
Matemática, denominação ambiciosa para o aprendizado inicial de números e cálculos simples, bem como das habilidades analíticas, sintéticas, avaliativas e comparativas em que se funda o raciocínio quantitativo.
Noções de Coisas, que é a informação básica sobre o mundo e a vida, sobre o país e a cidade, sobre a saúde e a doença, de modo a situar os alunos em seu contexto social e orienta-los na luta por uma existência melhor.
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