segunda-feira, 22 de abril de 2013

Deputado Marcos Feliciano uma entrevista sincera

 Por Joclau
 Acabei de ler a entrevista que o  Deputado Marco  Feliciano deu a revista Veja, uma entrevista sincera de um parlamentar que responde todas indagações, e não foge ao debate. O Pastor Feliciano é um  homem de fé, a entrevista deve ser lida para ser um ponto de debate. Ele  defende suas posições, baseada na fé, e no direito da pessoa humana. Defende que a comissão de direitos humanos da Câmara Federal seja para todos, não só para um grupinho. Ele mostra como manipularam sua resposta a respeito do racismo e Questiona:  "os  brasileiros presos no exterior por estarem ilegais. Ninguém pergunta pelos direitos deles".  Precisamos debater os problemas da sociedade sem os "ismos", assim teremos um debate democrático e do  verdadeiro direitos Humanos. Leia a entrevista:
O senhor disse em plenário viver um “tempo de caça às bruxas” sobre questões homossexuais. Acha que o Congresso representa todos os setores da sociedade brasileira?
 Não temos democracia aqui. A democracia só funciona para uma parte desse grupo que se diz minoria. Minoria, entretanto, é quem não tem vez, não tem voz, não tem acesso a trabalho, não consegue estudar. Onde o grupo LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) se encaixa nisso? Eles se escondem atrás de um rótulo de minoria, não para buscar direitos, mas privilégios.

Mas eles não têm direito a defender as causas que considerem adequadas? 
 Entre os projetos de lei que eles querem ver aprovados está a instituição de cotas dentro das universidades públicas. Se não começar a segurar um pouco esse tipo de iniciativa gay, em breve não haverá mais controle. Daqui a pouco vão criar dentro do Brasil uma nova raça, uma raça superior.

O senhor já foi acusado de racismo.
 Houve uma polêmica com a cantora Preta Gil, que não fui eu que comecei [o deputado Jair Bolsonaro disse ao programa humorístico CQC que seus filhos não namorariam negros porque não haviam sido criados em um “ambiente de promiscuidade”]. Um ativista do movimento negro me provocou e perguntou o que eu achava. Disse que repousava sobre o continente africano, até na África do Sul, com população branca, uma maldição patriarcal. Mas repare no meu cabelo. Somos todos descendentes de negros.

Não acha que suas posições religiosas comprometeriam suas funções na Comissão de Direitos Humanos? 
 A comissão discute exatamente como garantir melhores condições para setores considerados excluídos. Existe um protecionismo exacerbado com o movimento LGBT. O medo deles é que eu comece a revirar a caixa de Pandora e ver onde as verbas foram investidas, se houve direcionamento. Não tenho problemas em discutir assuntos ligados à homossexualidade. Eles é que não dão direito ao contraditório. Não os xingo de nenhuma palavra. As palavras obscurantista, fundamentalista e desgraçado foram usadas por eles contra mim.
O senhor não acha que os homossexuais sofrem perseguição?
 Quando homossexuais são feridos, mortos ou quando sofrem qualquer tipo de preconceito, aí é uma questão de direitos humanos. Mas também me preocupo, por exemplo, com os brasileiros presos no exterior por estarem ilegais. Ninguém pergunta pelos direitos deles.

Mas o senhor fala em medo da causa gay? Nosso medo é só esse: união homossexual não é normal. O reto não foi feito para ser penetrado. Não haveria condição de dar sequência à nossa raça. Agora, o que se faz dentro de quatro paredes não me diz respeito.

Medo de quê? 
 Deveria haver posições menos radicais na comunidade LGBT. Os gays destroem qualquer pessoa que se levante contra eles.

Por que o senhor apresentou um projeto para sustar a decisão do STF favorável à união civil de homossexuais? 
 O casamento gay fere os direitos da Igreja. Apresentei uma proposta de plebiscito sobre a união civil. Pergunte se o grupo de direitos dos gays aceitou. Por que não posso defender o meu plebiscito? Falo por parábolas: certa vez havia animais correndo de um fogo na floresta e um beija-flor trazia uma gota d’água no bico e ia tentar apagar o fogo. Faço a minha parte. Nosso país é conservador.

domingo, 7 de abril de 2013

Vale é a pior empresa para Marabá em 100 anos de história

  Por Ulisses Pompeu – de Marabá

Mineradora pouco investe na cidade, desvaloriza a cultura, faz promessas que não cumpre e vende imagem de “socialmente correta”
Esta semana, o prefeito de Marabá, João Salame Neto, resumiu bem o sentimento do povo deste município em relação à mineradora Vale: “Eu gostaria de ter dez Sinobras aqui do que meia Vale”. Ao completar 100 anos de história, o município fundado por Francisco Coelho em 5 de abril de 1913 pode eleger com facilidade a pior empresa em seu primeiro centenário: Vale.
É ela quem tem de ser responsabilizada pelo passivo social e econômico que a comunidade de 250 mil pessoas que residem aqui padece. A instalação do Projeto Grande Carajás trouxe um oceano de problemas sociais, mas a Vale ajudou o município apenas com um igarapezinho, para fazer de conta que paga a compensação social que deveria.
É por isso que o gestor municipal classificou a Sinobras como uma empresa mais importante para Marabá, embora tenha menos de sete anos de instalação em nosso município. A Vale tem mais de 30 anos e ainda não disse para que veio. Aliás, disse sim. Veio retirar nossa riqueza mineral e deixar um bolsão de miséria e crateras em nossas florestas.
Foram seus projetos de mineração que atraíram milhares de pessoas para este município, mas a grande maioria acabou sendo tangida para áreas periférica, com a explosão de invasões urbanas que nunca receberam um centavo de contrapartida da Vale.
O tamanho da dívida da Vale com Marabá:
  1. A empresa prometeu reformar e ampliar o Hospital Municipal de Marabá, mas não deu um centavo;
  2. Deveria investir na construção de creches e escolas do ensino fundamental, mas faz vista grossa para esse setor;
  3. Ainda na educação, começou a construir a Estação Conhecimento, mas a obra está paralisada há mais de dois anos;
  4. Enquanto abre crateras no quintal do município para implantar o Projeto Salobo, derrama migalhas em projetos de meio ambiente na cidade para falsear sua atuação;
  5. Ensaiou a construção de uma mega siderúrgica (Alpa), mas ao primeiro vento de dificuldade parou tudo e causou um apagão na economia local;
  6. Investe milhões em projetos em Belém (onde não tem nenhum negócio) e deixa Marabá e região sem nada.
Artistas do “Cabelo Seco” se negam a subir em palco da Vale
A banda ‘As Latinhas de Quintal’ do premiado projeto cultural e educativo ‘Rios de Encontro’, do bairro Cabelo Seco, adiará sua contribuição às celebrações do centenário de Marabá até dia 27 de abril. O lançamento de seu presente para o povo marabaense, o CD, ‘Amazônia Nossa Terra’, acontecerá no seu próprio palco ‘Rios de Artistas’ no dia 27 de abril.
Mensagens locais, nacionais e internacionais de admiração pela atitude vêm chegando para a coordenação do projeto desde a decisão extraordinária dos jovens artistas de não tocar no aniversário de Marabá, nem em nenhum palco co-patrocinado pela Vale, começou a repercutir no mundo virtual. Os diretores do projeto comunicaram a decisão somente depois de uma conversa cuidadosa com as mães dos jovens artistas e um diálogo respeitoso e afirmativo com Elias dos Santos, diretor da programação cultural e do Cine Marrocos.
“Desde 2009, vimos cantando sobre a urgência de cuidar dos rios, florestas, povos e culturas da Amazônia, “explica Évany Valente, jovem diretora musical da banda, percussionista e aluna na escola José Mendonça Virgolino. “Aceitamos com maior orgulho o convite da Prefeitura para cantar nos dias 5 e dia 7 deste mês. Mas logo depois que descobrimos que a programação cultural do centenário está sendo co-patrocinada pela Vale, decidimos que nossa apresentação não vai ser usada para valorizar o gigante mais responsável pela exploração, descuido e devastação de nossa Amazônia. Vamos comemorar o centenário, sim! Mas no nosso próprio palco, comprometido com a vida de nossos rios”, declarou Évany.
Desde o momento em que a decisão coletiva começou a se espalhar, gestores culturais, artistas e coordenadores políticos de redes brasileiras, latino-americanas e mundiais, incluindo da UNESCO (Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura), da Aliança Mundial pelas Artes Educação e da Associação Internacional de Drama e Educação (IDEA), manifestaram sua admiração e solidariedade.
Por conta disso, Évany Valente foi convidada a abrir o Congresso Mundial da IDEA 2013, em Paris, em julho próximo e a jovem agente de cultura, Camila Alves, cantora das Latinhas de Quintal, foi chamada para dançar a perspectiva cultural da banda na mesma cerimônia da abertura.
A Vale já foi votada em 2012 como a pior empresa do mundo pelo Public Eye Peoples’ Award (Prêmio Popular do Olhar Público) conhecido como o ‘Oscar da Vergonha’, “por conta de uma história de 70 anos manchada por repetidas violações dos direitos humanos, condições desumanas de trabalho, pilhagem de patrimônio público e pela exploração cruel da natureza”.
Mas ninguém esperava um grupo de jovens de Cabelo Seco se posicionar com tanta clareza. “Estou emocionada e super inspirada pela lucidez, coragem e beleza da decisão ética de vocês”, disse a bailarina e coreógrafa carioca internacional Dora de Andrade, durante a roda de avaliação de seis dias de colaboração com os jovens coordenadores das Latinhas, antes de voltar ao Rio de Janeiro. (U.P.)
Durante audiência com o governador em exercício do Pará, Helenilson Pontes, o vereador Miguel Gomes Filho, o Miguelito fez um discurso crítico sobre a maneira de a Vale tratar Marabá, historicamente. “eu acho que só existe três grandes projetos para Marabá: o Estado de Carajás, a hidrovia Araguaia Tocantins e o terceiro a Alpa. Não posso conceber que a companhia Vale venha para Marabá e nos trate como um bando de otários, imbecis chefiados pelo estado do Pará”.
Ele pontuou vários investimentos realizados por empresários à espera da Alpa, que nunca chegou. “Quem vai pagar esse prejuízo, estou citando alguns exemplos, mas têm vários exemplos. Marabá está morta, é uma cidade financeiramente acabada e não tem ninguém para reagir, ninguém para dizer nada”, desabafou.
Miguelito lembrou que Ipatinga (MG), tem um projeto muito melhor do que o da Vale, porque a Usiminas ajudou a dotar a cidade de infraestrutura básica, com asfalto em todas as vias, esgotamento sanitário, hospital, enquanto Marabá não tem nada disso.
O vereador anunciou que vai entrar com uma ação contra a Vale pedindo R$ 30 bilhões de indenização para a Vale pelos prejuízos causados a Marabá. “A mim não interessa o dinheiro, mas sim que vamos fazer alguma coisa, porque não é possível que nos calemos diante desse absurdo”, criticou.
Vale deixa comunidade sem luz no fim do túnel
No que depende do olhar dos moradores do Nossa Senhora Aparecida, ou invasão da Coca-Cola, a obra da construção de um túnel sob a Estrada de Ferro Carajás está bem longe do que foi prometido pela mineradora Vale. Segundo João Paiva de Souza, presidente da Associação dos Moradores a via de acesso construída deveria contar com asfalto, ciclovia, calçadas e ótima iluminação, porém nada disso se concretizou. Ele também defende que a relação da Vale com os moradores, que sofrem agora o impacto da duplicação da ferrovia, não é das melhores.
Paiva esteve na Redação do CORREIO DO TOCANTINS para reclamar da pouca objetividade e avanço nas negociações com a empresa que tem a concessão da estrada de ferro e adianta que está difícil controlar a revolta dos moradores do bairro, que a qualquer momento podem invadir e bloquear os trilhos.
“Estamos tendo bastante dificuldade. Desde 2008 temos tido demandas com a Vale por conta de pessoas atropeladas pelo trem, pessoas assassinadas na ferrovia e o perigo de assalto para os moradores, devido à espera pela passagem dos trens. Vira e mexe a população se revolta com esse descaso deles”, comenta.
Sobre o que veio depois, a construção do túnel que deveria facilitar a vida dos moradores, o resultado foi decepcionante: “Quando a Vale apresentou o projeto pra gente era uma coisa bonita, com pavimentação, iluminação pública, duas vias, mas hoje nos sentimos é prejudicados, pois nada saiu como no projeto”, queixa-se.
Sobre o motivo para não ter pavimentado o túnel, João narra que a mineradora alegou que só pode fazê-lo depois que a Prefeitura de Marabá desapropriar áreas pertencentes a duas famílias no local. “Hoje está só o buraco lá e tem mais, quando chove alaga tudo no túnel além de já haver relatos de pessoas assaltadas lá dentro”, especifica. Ele quer que a empresa e a prefeitura entrem num entendimento sobre o destino do local
Sobre o impacto da duplicação da ferrovia, João Paiva também se mostra preocupado com a falta de um plano de investimento da empresa para melhoria da condição de acesso dos moradores, a não ser o túnel. Na visão dele, seria necessário um anel viário, ligando os bairros Nossa Senhora Aparecida, Araguaia (Fanta) e Km 7, de forma a que seja viabilizado o transporte público para a comunidade. Segundo o líder comunitário, vários ofícios nesse sentido já foram protocolados e até hoje nada foi feito.
Nota da Vale
Em nota enviada para a Redação do CT, a Vale esclarece que o túnel do Km 729 da Estrada de Ferro Carajás (EFC), está liberado em caráter provisório. “A empresa continua atuando na obra para garantir o conforto e a segurança de moradores e condutores que utilizam a passagem.
A pista exclusiva para pedestres passou por melhoria; a sinalização foi redobrada e fixada em local mais visível, assim como foi feita a iluminação. As ações executadas atendem também as observações apontadas pelo órgão municipal de trânsito, DMTU, que esteve no local, a convite da própria Vale, por ocasião da liberação da passagem.
A Vale reitera que continuará atuando para garantir o conforto e a segurança na travessia de todos que utilizam a travessia”.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

JS do PDT debate conquistas sociais do Trabalhismo brasileiro nos governos de Getúlio Vargas e de João Goulart


Os 70 anos da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) no próximo dia 1º de Maio; os 80 anos do voto feminino, uma das novidades do Código Eleitoral de 1932, também no mês de maio; os 60 anos da Lei 2004, de 3 de outubro de 1953, que criou a Petrobras e  o monopólio estatal da petróleo; os 50 anos do Estatuto do Trabalhador Rural, de março de 1963, este sancionado pelo Presidente João Goulart;  além dos 30 anos da ascensão de Leonel Brizola ao governo do Rio de Janeiro, em 15 de março de 1983  – são algumas das conquistas do Trabalhismo que merecem ser celebradas neste ano de 2013, na opinião do jornalista e historiador José Augusto Ribeiro, expressada na  palestra que fez no sábado (23/3), em Luizânia (GO), para integrantes do Diretório Nacional da Juventude do PDT.
(André Megotto (D), Zumpichiatti, Brunazo, José Augusto Ribeiro, Maneschy, Leite Filho e Beto Almeida) 
A palestra de José Augusto, autor do livro “A Era Vargas”,  sobre as conquistas sociais do Trabalhismo brasileiro nos governos de Getúlio Vargas e de João Goulart, foi um dos pontos altos do debate organizado pelas direções da JS-PDT e da Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini (FLB-AP) para fechar a reunião da Juventude do PDT no dia posterior a eleição do novo Diretório Nacional, Executiva, Conselho Fiscal e Conselho de Ética do PDT nacional.
No debate para a JS-PDT outros dois temas relevantes também foram abordados: a insegurança das urnas eletrônicas em uso no Brasil, ultrapassadas e inauditáveis – palestra a cargo do engenheiro especializado em segurança de informática Amilcar Brunazo Filho e do jornalista Osvaldo Maneschy, que fez breve introdução sobre a luta do PDT e de Brizola pelo respeito à verdade eleitoral desde o escândalo da Proconsult, de 1982, no Rio de Janeiro; e a Revolução Bolivariana da Venezuela, tema desenvolvido pelos jornalistas Beto Almeida, correspondente da Tele Sul em Brasília e Leite Filho, autor do livro “Quem tem Medo de Hugo Chávez?”, ambos, Beto e Leite Filho, recém chegados de Caracas onde acompanharam as exéquias e os primeiros passos da sucessão de Chávez – grande vencedor de 15 das 16 eleições absolutamente democráticas que disputou.
Profundo conhecedor da trajetória política de Getúlio Vargas, o jornalista José Augusto Ribeiro discorreu sobre as principais conquistas do povo brasileiro ao longo dos 15 anos do primeiro governo Vargas, incluindo o Código de Minas, que nacionalizou o subsolo do Brasil – sancionado em pleno Estado Novo; a partir de sua ascensão ao poder como líder inconteste da Revolução de 30 a quem ele pretendeu entregar o comando militar, antes dela ser desencadeada, ao então jovem oficia do Exército Luis Carlos Prestes – que não aceitou a missão. José Augusto discorreu, didaticamente, sobre as grandes novidades da Constituição de 32 que, entre outras mudanças, introduziu o voto feminino no Brasil antes de países como a França o fizessem; criou a Justiça Eleitoral e instaurou o voto secreto no Brasil, antes sujeito as fraudes eleitorais e ao coronelismo;  nacionalizou o subsolo brasileiro; cumpriu suas promessas de campanha de instalar as bases da moderna industrialização do Brasil e, principalmente, criou as leis trabalhistas, o salário mínimo, as férias e jornada de trabalho – dando  um novo patamar, de dignidade e respeito, ao trabalhador brasileiro.
Já Amilcar -- depois da introdução do Osvaldo Maneschy sobre a luta do PDT pelo respeito à verdade eleitoral sem as  fraudes que marcaram a vida política brasileira da República Velha até Getúlio Vargas promulgar a Constituição de 1932, passando pela retomada da luta por eleições limpas a partir de 1982, quando ocorreu o Caso Proconsult – detalhou como o voto eletrônico foi introduzido no Brasil, a partir de experiências anteriores na Holanda e na Bélgica, e explicou por que esses dois países abandonaram o uso de máquinas de primeira geração totalmente dependentes de softwares, como são até hoje as brasileiras, cujos resultados são impossíveis de serem auditados. “Este sistema é inseguro porque não permite recontagem de votos  e também porque o eleitor, embora aperte a tecla “confirma” ao final do ato de votar, não tem como saber se o seu voto está sendo corretamente registrado digitalmente para o seu candidato,  já que não há contraprova  em papel, característica das máquinas de 2ª. Geração, seguras, como as usadas por exemplo na Venezuela”, explicou Amilcar.
Amilcar fez um apanhado do desenvolvimento da tecnologia das máquinas de votar a partir da introdução das urnas eletrônicas no Brasil, em 1996, e como essas máquinas evoluíram fora do Brasil ao ponto de hoje termos, nos Estados Unidos e aqui do lado, na Argentina, máquinas de votar de 3ª. Geração que não só imprimem o voto – luta de Brizola a partir da introdução dessas máquinas no Brasil em 1996 – à vista do eleitor, como também fazem o registro digital deste mesmo voto de forma que tanto a impressão quanto o registro digital possam ser conferidos pelo eleitor, habilitando a cada um deles a ser o principal fiscal do processo.
“Já no Brasil escolhemos o candidato, confirmamos que queremos votar nele, mas não há garantia alguma de que o nosso voto está sendo somado corretamente. Tão importante quanto a necessidade do voto ser secreto, é  que eles sejam somados corretamente – e esta garantia a máquina de votar que usamos aqui não nos dá, embora a justiça eleitoral garanta que sejam 100% - elas não são”, afirmou Brunazo. Ao encerrar, Brunazo reiterou a necessidade do PDT e dos demais partidos políticos se dedicarem ao tema para garantir que este direito fundamental da cidadania, o do voto universal e secreto, seja realmente respeitado no Brasil com o uso de urnas eletrônicas seguras.
Beto Almeida, depois de Leite Filho introduzir o assunto em discussão – a Revolução Bolivariana de Chávez – fez de imediato a ligação entre Chávez e as conquistas sociais do povo brasileiro através de Vargas e, na Argentina, as conquistas da era Perón. “Chávez tinha perfeito conhecimento dos governos de Vargas no Brasil e de Perón, na Argentina, procurando aplicar na sociedade venezuelana as melhorias introduzidas por Vargas e Perón na vida dos brasileiros e dos argentinos”, explicou Beto Almeida, correspondente da Tele Sul, a cadeia de TV criada por Chávez na América do Sul e no mundo, para fazer frente a influência das redes comerciais norte-americanas na região. 
Logo após chegar ao poder, Chávez disse aos venezuelanos que não ficaria de reunião de cúpula em reunião de cúpula, enquanto os povos subjugados da América Latina são jogados de abismo em abismo. “Com base no lema ‘nosso Norte é o Sul’, Chávez avançou não só na criação da Tele Sul, para que  ícones tipo Mickey Mouse, Pato Donald e Super Homem fossem substituídos pelo Saci Pererê, Tupac Amaru, a Cuca e outros – mas também para que a riqueza de seu país, o petróleo, em vez de ser transferida para os Estados Unidos, fosse distribuída pelo seu povo”. Segundo Beto, hoje a Venezuela tem o maior salário mínimo da região, produz muita coisa que consome – quando antes até o alface vinha de avião de Miami; milhões de computadores foram distribuídos à população para que ela seja incluída na sociedade digital moderna; o analfabetismo foi varrido da Venezuela.
“Chávez também estimulou o tempo todo os venezuelanos a se informarem e a participarem da política, inclusive passando na Tele Sul filmes e documentários sobre Vargas, Peron e outros grandes líderes latino-americanos, principalmente os que defenderam os seus países contra os interesses do imperialismo norte-americano”, argumentou.  Dirigindo-se à plateia, perguntou: “Qual de vocês já viu um filme boliviano?”, diante do silêncio, acrescentou que não só filmes da Bolívia são exibidos na Venezuela, como filmes brasileiros e de todos os países latino-americanos porque Chávez teve a preocupação de reagir politicamente à invasão de filmes de Hollywood nos países da região estimulando a produção de filmes na Venezuela, por exemplo, através da criação da Vila del Cine que ele mesmo, brincando, batizou de “Hollywood dos pobres”.
Outras conquistas sociais dos venezuelanos com os governos de Chávez foi a construção de 350 mil residências populares; educação pública de qualidade em todos os níveis; edições de livros de centenas de milhares de exemplares para serem distribuídos gratuitamente à população, citou Machado de Assis, obra reeditada em Caracas com 350 mil exemplares de tiragem, algo que nunca ocorreu no Brasil; e o livro “500 anos de periferia”, do Embaixador brasileiro Samuel Pinheiro Guimarães. Aproveitando a presença de José Augusto Ribeiro, Beto Almeida disse a ele que ele, pessoalmente, entregou a Chávez os três livros que compõem “A Era Vargas” e que Chávez pretendia reeditar o seu livro, na Venezuela.
José Augusto respondeu, dizendo que também há planos de reeditar a sua obra no Brasil, pela Fundação Leonel Brizola – Alberto Pasqualini, segundo uma conversa que iniciou, mas ainda não concluiu, com a direção do PDT.
Leite Filho, por sua vez, falou mais sobre a sucessão de Chávez e o trabalho que ele teve, ainda em vida, já doente, de construir a sua própria sucessão escolhendo para lidera-la o atual vice-presidente no exercício do poder, e candidato a eleição, Nicolas Maduro. Leite deteve-se nos diferentes aspectos da sucessão de Chávez e o futuro da revolução bolivariana, sem Chávez.
Leite disse que ele e Beto Almeida, junto com a metade a população da Venezuela, 16 milhões de pessoas, passaram um dia inteiro na fila que se formou diante da Academia Militar de Caracas, para a última despedida a Chávez, exéquias que duraram oito dias e paralisaram totalmente a vida dos venezuelanos – episódio que levou Beto Almeida, em artigo, escrever logo após participar da fila: “os venezuelanos estão votando com os pés”, desfilando diante do esquive do presidente morto.
O debate, conduzido o tempo todo por André Menegotto, novo secretário geral adjunto do PDT, com a licença de Manoel Dias, secretário titular para ocupar o cargo de Ministro do Trabalho e Emprego, por indicação do partido; fechou com a intervenção de Leonardo Zumpichiati, um dos coordenadores da Universidade Leonel Brizola, que fez um apanhado geral das atividades da ULB na formação de quadros discorrendo, especialmente, pelas modernas ferramentas de comunicação – televisão e rádio, além da internet – disponibilizadas pela Fundação Leonel Brizola, para preparação de quadros políticos.
Menegotto, por sua vez, ao encerrar o encontro, explicou que aquele debate era o primeiro dos vários que pretende realizar para aperfeiçoar os quadros do PDT.